Quando ainda era bebê, sua família mudou para o Rio de Janeiro (RJ) onde cresceu e passou a juventude. E mesmo a sua família não tendo muitas posses, seus pais faziam questão de que ele estudasse nas melhores escolas da época, particulares, cursos complementares como o de inglês, digitação, para ter chance numa universidade pública. Graduou-se em Economia pela UFRJ, e como bolsista da CAPES iniciou o seu mestrado na Unicamp. Começou a lecionar em 1985/86, e pouco tempo depois uma colega da universidade lhe indicou uma vaga de emprego no DIESE e após passar pela seleção, foi escolhido para trabalhar como economista no sindicato do Lula em São Bernardo do Campo - SP e assim iniciou a sua trajetória na gestão pública. Terminou o seu mestrado na USCS e fez o doutorado na USP; é gestor e leciona na Escola de Negócios da USCS. |
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Resposta:
Então, a primeira impressão que eu tive foi de uma instituição séria, uma instituição sólida na região, porque eu chegava e eu via as coisas, eu via o laboratório de gestão, bem constituído, eu via pessoas de peso, eu via um projeto conectado com as necessidades regionais, eu via todo um esforço de levantamentos importantes, sendo feitos por pessoas de qualificação muito sólida, que poderiam estar em universidades de primeiro mundo, muitos estavam, o (Gerum Clinc) por exemplo, meu orientador, ele veio da Holanda de universidades de peso europeia. O professor Silvio Minciotti, que também foi meu professor, até hoje uma referência para mim, e isso só para dizer dos casos de muitos, então eu via uma instituição que tinha seriedade, tinha profissionalismo e tinha tradição, a tradição era muito forte, eu via a tradição. Ao mesmo tempo, eu temia, porque tradição é difícil mexer, e eu vinha de determinados vieses, determinadas correntes, mas isso eu admiro a USCS porque ela me permitiu me formar aqui, ela me permitiu ser professor aqui, ela me permitiu ser gestor aqui, sem me cobrar nada [35']. Então, eu sou muito grato a essa universidade.
Pergunta:
Como foi essa questão do passar a ser professor na USCS? Era algo que o senhor já previa, aconteceu naturalmente...
Resposta:
A minha dissertação foi muito elogiada. Ela abriu, digamos, o mínimo de olhar de quem é o Jefferson, digamos assim. E abriu um concurso, tive a felicidade de ter uma abertura de concurso, foi um concurso que eu me lembro com muita gente, e eu me lembro que eu vi colegas, alguns segundo, terceiro, quarto, que competiam comigo na disciplina que eu sou responsável, Economia Brasileira, e eu me dediquei um pouquinho para aquele concurso e tive a felicidade também, mais uma rodada de sorte, acabou que fui o primeiro colocado e então começa a minha trajetória em 2005. Eu me dediquei nos últimos anos, eu tive que compartilhar a universidade e esse mundo da assessoria e da gestão pública. Mas isso me permitiu, ao mesmo tempo, esse compartilhamento do mundo acadêmico aqui e do mundo real, real eu não gosto, mas no mundo prático do mercado e da gestão pública e me permitiu que eu tivesse sempre um outro olhar. Então, na gestão pública, eu também era: "olha lá o professor", e aqui: "olha o gestor". Então, isso permite que você traga novos elementos para ambos os lados. Isso é muito bom, isso é muito bom, e os nossos professores, muitos deles carregam essa trajetória semelhante, então para o aluno da USCS isso é muito positivo, muito positivo mesmo.
Pergunta:
Você lembra das primeiras aulas na USCS?
Resposta:
Eu lembro também, com um certo nervosismo, um pouco menos que 1986, mas eu lembro. Nós tínhamos uma estruturação de cursos um pouco diferente, não havia a Escola de Negócios, não havia, então havia os cursos separados, mas aquele sopro de juventude que a gente, como professor, vê quando entra numa sala de graduação, primeiras séries até as últimas, esse sopro continua o mesmo. Não mudou, é muito bom, isso eu não vejo diferença em nenhum sentido. É muito bom dar aula na graduação. É muito bom dar aula na pós também, mas para falar a verdade, eu gosto mais de dar aula na graduação, porque a ideia de formar, numa relação bilateral, biunívoca, uma relação menos desigual, de fato não gosto muito dessa ideia de professor aqui e aluno aqui [faz gestos de desigualdade com a mão, sendo que o professor está em nível maior]. É evidente que o professor carrega uma bagagem e ele tem uma transmissão a ser feito, mas a gente aprende bastante em sala de aula, ainda mais no mundo de hoje, onde as informações são cada vez maiores, onde aqui tem um conjunto de informações, aqui tem outro conjunto de informações, e você não tem sobre muitas coisas, então essa troca hoje, olha, eu te digo que eu estou ali, ou analfabeto, alguém pode me ajudar aqui a entrar. Aí o cara: "oh, faz isso". Então é impressionante como isso acontece, mas é muito boa a ideia de você tentar fazer um shape [40'], formar uma pessoa com determinados valores, evidente com uma bagagem de conhecimentos sobre aquele curso, sobre aquela profissão que você está passando para ele, mas ao mesmo tempo carregar valores, carregar ética, carregar, por exemplo, eu falo muito para os meus alunos da importância de pensar para além de sim, é você, você tem que pensar em ganhar dinheiro, pensar em ser alguém, em ter um status, um carro, mas você tem um compromisso com o seu país. Você faz parte de uma elite. Então, o que mais você pensa, como você pensa em ajudar a sua coletividade, a sua cidade, o seu país. Você pensa em inovar contribuição em todas as áreas, na Saúde, na Educação, na Economia, na Administração, em Contábeis, onde você estiver, como é que você dá o seu delta a mais, então isso são valores que você passa para o estudante, ao seu estilo, então dar aula na graduação me traz isso, e eu vi. Muitos dos assessores com os quais eu convivo hoje, chamo de colegas, são meus ex-alunos, são os melhores, e eles estão gente na Volkswagen, gente na gestão pública, gente aqui na universidade. Eu te cito vários, e fazendo coisas maravilhosas, isso é muito gratificante para o professor. É porque você renasce, eu estou nascendo de novo lá em 1980 por meio desse menino, dessa menina, só que tentando passar que não cometa alguns erros que eu cometia, eles têm que fazer também.
Pergunta:
O senhor falou desse sopro de juventude, que não mudou, mas acredito que até na própria função do professor, o senhor acompanhou mudanças, seja no seu tempo de bancos escolares, seja no início da profissão docente lá em meados dos anos 1980, para agora, provavelmente a tecnologia tenha um impacto. Queria que o senhor falasse um pouquinho dessas transformações.
Resposta:
Olha, esse é um debate bem interessante, muito interessante. Eu me lembro que, em 1980, a minha primeira aula como aluno de graduação foi com a Maria da Conceição Tavares, uma economista famosa, está velhinha, mas aquilo me marcou pela postura dela ao falar, sem ter nenhum texto, ela foi falando com naturalidade, pelo forma como ela sentou pausadamente, e algumas frases mais e nós ali, atentos, sem usar nenhum slide, nenhum PowerPoint. Nem havia na época, tinham apenas umas folhas de transparência. Então, essa questão da tecnologia, não podemos nos separar, hoje não existe mundo sem os avanços. Isso se reflete, por exemplo, na educação. Nós temos o EAD, o EAD veio para ficar, o Ensino à Distância. A pessoa tem flexibilidade de horário, ela pode fazer uma universidade inteira a partir da sua casa, cuidando do seu bebê, trabalhando, estudando à noite. Ela vai ter as mesmas exigências dos pontos de vista formais que um aluno presencial, mas a tecnologia permite a ela que ela faça um curso à distância. Ainda assim, nós precisamos permanentemente estar refletindo de como não jogar o bebê com a água do banho, porque essa questão, da forma como a universidade exige uma reflexão, uma discussão, a concentração, exige um relacionamento professor e aluno, tudo isso, é secular. Então, nós precisamos ter sempre o cuidado de preservar o que é muito forte do secular, daquilo que a tecnologia e a inovação permitem de avanços [45']. Então, esse equilíbrio tem que ser permanentemente pautado, ele tem que estar permanentemente presente, para que a gente mantenha a universidade por mais décadas e décadas. Não é uma coisa tranquila não, não é uma coisa nada tranquila. Eu vou dar um exemplo: uso de celulares e micros durante a aula. Isso é um tema que tem professores que mandam desligar o celular, com razão até, mas o celular também está entrando em formação, também pode ser objeto de utilização, de apoio ao ensino, então nós temos que discutir como será ao nosso favor, não nos distanciar. Não é uma coisa fácil da tecnologia, a gente pede às vezes trabalho e ele vem uma cópia inteira da Wikipedia. Isso é um crime, também é fácil pegar, então nós temos que permanentemente estar discutindo como que a universidade secular, com suas discussões, sua trajetória e tudo que se envolve é combinado com as novas tecnologias. Não é uma coisa fácil, mas tem que ser feita, permanentemente.
Pergunta:
Como foi essa transição do professor para gestor de curso?
Resposta:
Ah, para o gestor. É um mundo relativamente novo para mim. Eu fiquei bastante surpreso com o convite, sou grato ao convite, acho que se espera de mim que eu traga para gestão um pouco também do meu aprendizado de gestor público, então, uma das minhas características como gestor público foi a busca de realizar vários projetos simultâneos, então eu coordenei vários projetos que foram lançados simultaneamente. Não é uma coisa fácil, e ao mesmo tempo, forte também, e se espera de mim, as parcerias, então a nossa universidade é tradicional, como eu mencionei, mas eu acho que ainda tem um algo a mais a dar no ponto de vista de se abrir para a comunidade, para relação com outros atores, empresas, gestões públicas, sindicatos, outras universidades. Nós temos que buscar um pouquinho, sair. Acho que eu posso ajudar um pouquinho nisso. Acabo de vim de uma reunião, por exemplo, uma instituição financeira, para que os alunos visitem essa instituição, saiba como ela trabalha. Só para dar um exemplo, eu trabalho nessa perspectiva de ajudar naquilo que é um pouquinho meu forte, digamos assim.
Pergunta:
Vem à memória do senhor, nesse momento, alguma memória, alguma história relacionada à USCS que o senhor possa destacar? Seja uma curiosidade, alguma coisa que aconteceu em sala de aula, ou uma história mais emocionante, alguma coisa que o senhor queira deixar aí para...
Resposta:
Olha, eu mencionei aqui o nosso saudoso Celso Daniel. Então, na véspera do sequestro dele, ele estava aqui, um ou dois dias antes, e eu estava do lado dele, assistindo a um debate aqui na universidade [50']. E aquilo me marcou muito porque eu era professor daqui, estava permanentemente com o Celso lá na prefeitura, a discussão da Câmara Regional, discussão do Consórcio, depois da agência que ele encabeçou, e todo aquele final trágico da morte dele e a presença que eu tenho é dele ao meu lado aqui na universidade. Então, isso foi um dos momentos marcantes do meu relacionamento com a universidade. Eu já mencionei também, emocionante para mim, o fato de que ela me viabilizou o reencontro, de ter sido aceito para fazer o mestrado aqui, foi muito importante para mim. Tem o momento também que eu passei como professor, muito legal, e anos depois, eu vim fazer parte de uma banca de professores para novos professores, uma trajetória interessante. Adversários políticos fortes, da vida política, aqui eu tive um relacionamento dos mais amistosos. Quero mencionar aqui o professor Sílvio Minciotti, a quem eu admiro profundamente, e eu encontro com o professor Sílvio e só vejo um amigo, só vejo uma pessoa que eu me emociono, porque, como que a gente se divide tanto e nesse momento a universidade me propiciou isso, que eu conhecesse o Sílvio e ele me conhecesse, e ele depois virasse uma referência de pessoa para mim. Hoje eu o vejo, ele me vê, a gente se abraça, então tudo aquilo ficou secundário.
Pergunta:
Como o senhor definiria a USCS?
Resposta:
Eu defino a USCS como um espaço de passagem que fica para sempre.
Pergunta:
O senhor, como economista, o senhor mesmo falou que chegou no mercado de trabalho em um momento que o Brasil vivia uma crise, e de lá para cá não faltaram crises.
Resposta:
Não, nenhuma, estamos em plena crise [risos].
Pergunta:
Crises econômicas que foram meio recorrentes. Queria que o senhor falasse, como profissional da economia, que o senhor analisasse um pouco esse período que o Brasil viveu dos anos 1980 para cá, e canalizasse nesse sentido até a própria profissão do economista. Eu não sou da área, mas como comunicador atuando na assessoria de imprensa, eu vejo que é uma área que se valorizou muito talvez até por esses percalços econômicos. Fale um pouquinho sobre a área e a trajetória na Brasil.
Resposta:
Sim, a economia brasileira passou por um momento muito pujante dos anos 1930 até os anos 1980, de lá para cá, os anos 1980, a década perdida, crescimento zero, crise de dívida externa, inflação, FMI, ao mesmo tempo a luta das Diretas. Nos anos 1990, os anos da dureza. Os anos 1990 são os anos de fechamento de empresas, desemprego avassalador, aí nós conhecemos uma mudança brusca da economia brasileira, de uma economia fechada para uma economia aberta. Então, o lado bom é que conhecemos os carros novos, os perfumes, os sapatos, os tênis de primeiro mundo, mas ao mesmo tempo o desemprego avassalador. Então, isso foi nos anos 1990. Depois, tivemos uma retomada na década seguinte, mas uma retomada num contexto muito favorecido também pela expansão da China, pela valorização das commodities [55']. Verdade também que jogou peso, teve papel importante, políticas de inclusão como Bolsa Família, como a valorização do salário mínimo, as políticas de inclusão dos segmentos D e E, tudo isso favoreceu o crescimento da economia brasileira nas últimas décadas. Mas, infelizmente, à reversão do cenário internacional e a não continuidade e aprofundamento de políticas que vinham sendo trilhadas. Alguns erros foram cometidos do ponto de vista de gastar mais do que devia, isso é verdade, porque isso rebate nas finanças públicas. Desafios que tem que ser enfrentados, eu não compartilho, por exemplo, da reforma da previdência que vem sendo apresentada, mas sei que a presidência nós precisamos enfrentar. Então, se eu não concordo com a reforma, eu não nego que ela tenha que ser discutida. Então, esse é o momento que o Brasil se vê diante, de incertezas, de crise, mas a cada momento que isso se colocou no Brasil, surgiram oportunidades. É assim que eu quero ver o cenário para frente, positivo, que os nossos jovens que estão na USCS e em outras universidades gerem novas ideias, novas saídas, novas soluções, eu tenho certeza que nós vamos sair dessa crise. É claro que o Brasil precisa constantemente dar um passo a mais se quiser chegar próximo aos mais avançados. Nós não podemos ir no mesmo ritmo, nós temos que ter ousadias. Eu sou daqueles economistas chamados desenvolvimentistas, então, se a gente for trilhar no mesmo ritmo, nós não vamos nos equiparar, então você precisa ter ousadia, então se eu gritei contra os militares, só para dar um exemplo, se eu gritei contra os militares em 1983 quando moleque, com 18 anos, é, 18 eu tinha em 1980, se eu gritei ali contra os militares, eu tenho que reconhecer, por exemplo, que um projeto como o pró-álcool, criado por eles, foi ousado. Então, eu chego aos meus 55 anos com a maturidade de reconhecer que o meu adversário acertou naquilo, porque se os carros começaram ruins, os primeiros carros à álcool foram ruins, hoje nós temos o flex full, nós temos uma tecnologia, então o Brasil precisa ousar, em várias áreas, para sair da mesmice e se colocar como uma nação avançada. Então, eu tenho convicção de que nós vamos sair da crise sim, talvez demore um pouquinho, mas com políticas arrojadas, políticas que busquem inovações, e a universidade é o espaço da inovação, precisa buscar que essa molecada gere ideias.
Pergunta:
Professor, para o estudante novo que está chegando, o ambiente universitário é sempre uma novidade, uma coisa desconhecida. Além dessa dica, de procurar inovação, dentro do âmbito acadêmico, que dicas um gestor de curso, que mensagem um gestor de curso pode deixar para esses novos alunos que estão chegando à USCS?
Resposta:
Bom, manter a alegria, não deixar de fazer nada. Ir às baladas, jogar seu futebol, namorar muito, mas tentar colocar umas horas aí de dar atenção a essa coisa de buscar o conhecimento. Tentar ver: ‘peraí, que história é essa disso e daquilo outro?'. Então, é juntar dentro da sua vida normal a busca de conhecimento, porque isso vai gerar naturalmente outras, é como se fosse uma coisa puxa a outra, um dominó [01:00']. Então, esse é o primeiro aspecto que tem que colocar algumas horas em busca de conhecimento. Aumente seu networking. "Eu tenho um circuito de amigos, deixa eu tentar conversar também com um outro ali um pouquinho mais diferente". Um professor, esse diálogos dentro da universidade ajudam muito porque permitem essas descobertas, e daí vai naturalmente nascendo uma nova pessoa, está certo? É se permitir um pouco. E uma coisa que é importante, e nós perdemos, infelizmente nós temos que forçar, e a universidade e a direção, a gestão tem um papel nisso, que é ter suas utopias. Nossos jovens necessitam de utopia, precisam sonhar. Esse é o momento de sonhar, a realidade só se transforma com o sonho. É aquilo que você tem de maluco. "Você é maluco, você é doido!". Mas é aquele maluco, aquela ideia doida que vai se moldando, e aí a universidade tem depois suas formas, artigos, dissertações, também ajudam, pesquisas, metodologia, que vão ajudar que essa ideia maluca vire realidade. Então, isso é em todas as profissões, todas as áreas, nós precisamos de ideias malucas, nós precisamos que o jovem sonhe revolucionariamente, mas sonhe positivamente. "Eu quero ajudar aqui. Minha ideia pode ser doida, mas eu vou tentar". E nós, como gestores, temos que dar vazão, permitindo encontros, trazendo pessoas, fazendo networking, nacional e internacional, que isso saia do aluno e ele ajude a transformar o Brasil.
Pergunta:
Professor, já estamos chegando aí no finzinho do nosso bate-papo, mas o senhor falou no início da nossa conversa sobre o movimento sindical, que você conhecia o ABC, e eu acho que essa é uma grande marca, eu por exemplo, também conhecia, se me falassem de São Bernardo, de São Caetano, a primeira coisa que vem à memória, que não sou aqui da região, é o movimento sindical do final dos anos 1970 para os anos 1980. O setor viveu, como o senhor disse, boa parte aí de dentro. É possível fazer uma reflexão um pouquinho sobre tudo isso que o senhor vem acompanhando, quer dizer, desde que o senhor chega aqui na região e começa, atende lá o telefonema do Lula, até o atual contexto, os desafios, os pontos positivos, os pontos negativos, dá para a gente fazer uma síntese dessa reflexão?
Resposta:
Eu acho sinceramente que nós estávamos numa trilha de amadurecimento de todas as partes. Do vermelho, do azul, do amarelo, as cores estavam ficando menos nítidas, e viam uma evolução forte da sociedade brasileira de aproximação, de respeito recíproco, de interação. Acho que nós regredimos nos últimos anos, dois ou três anos, infelizmente regredimos. O Brasil vive hoje um desrespeito entre as partes, uma intolerância, e nós precisamos primeiro nos alinhar para voltar a uma tolerância, para voltar a esse respeito recíproco, e aí dar um [gesto de crescimento com as mãos]. Nós somos uma grande nação com todo um futuro brilhante, mas exatamente neste momento que eu dou essa entrevista eu vejo que pode-se ir a um restaurante e ser xingado por usar uma cor ou outra, por falar uma coisa ou outra, e isso não é bom, isso não é bom [01:05']. A história já mostrou que não nos leva a um bom final. Então, dentro da sala de aula, eu falo isso para os meus alunos, aqui nós nos respeitamos e nos toleramos, pode-se pensar o que quiser, e na universidade é assim também. E eu sinto, para concluir de novo na USCS de novo essa possibilidade forte. Então, eu sou bastante feliz, mais uma vez, de falar isso aqui dentro.
Pergunta:
A USCS está prestes de completar 50 anos, como o senhor também já mencionou, a Escola de Negócios está prestes a completar 50 anos, se não com esse nome Escola de Negócios, mas com os seus cursos, principalmente de Economia e Administração que chega um ano depois. É possível projetar essa área para os próximos 50 anos, tanto em termos da academia, o ensino na área de negócios, quanto à própria área como um todo?
Resposta:
Sim, indubitavelmente esses cursos, a Escola de Negócios vai continuar tendo um peso grande na vida das pessoas. A Economia, a Administração dos órgãos públicos e privados, a contabilização, o relacionamento internacional estão sendo intensificados. Então, eu vejo um peso crescente da nossa Escola, por tudo que está acontecendo no mundo, está certo? O peso dessas áreas. A nossa escola, além disso, ela, como eu mencionei, vem buscando permanentemente sua atualização, então quando nós nos constituímos como uma Escola, nós pensamos também na interdisciplinaridade, como trabalhar perspectivas multidisciplinares, então você não é só um economista, sem ter uma visão também básica de um administrador, de um contador e vice-versa. Então, acho que vamos por uma boa trilha, e eu vejo a Escola de Negócios num processo de expansão muito forte. Eu gostaria que trabalhássemos, quero contribuir para isso, um relacionamento internacional mais forte, porque isso é a tendência do mundo, se conectar mais, então a nossa Escola de Negócios estar conversando com escolas americanas, com escolas europeias, intercâmbio de alunos, intercâmbio de professores, trabalhos, pesquisas, isso vai ajudar muito e coloca a USCS no seu patamar merecido, que é um patamar muito além do que já conquistou.
Pergunta:
Bom, a gente começou essa conversa falando um pouquinho da sua infância, você citou a sua família, a base familiar, sua mãe, de uma forma bem robusta, da importância na sua formação. Queria encerrar abrindo espaço para você falar um pouquinho mais da sua mãe, um pouquinho mais da sua família e retomasse essa questão, agora vendo toda a trajetória.
Resposta:
Você falou da minha mãe, eu acabo de trazer a minha mãe à universidade e foi um outro momento emocionante, talvez tenha sido o mais emocionante e eu nem, eu acabo de ter meu filho formado pela universidade. O Ivo se formou em Direito, e quem entregou o diploma fui eu. Foi um momento, não sendo professor da Escola de Direito, aonde me permitiram entregar o diploma ao meu filho, e minha mãe acompanhando. Então foi um triângulo de gerações bem interessante que a universidade uma vez mais me permitiu.
Pergunta:
Professor, há algo mais que o senhor gostaria de destacar, que o senhor acha importante para a gente deixar para esse projeto de memória sobre a USCS?
Resposta:
Cinquenta anos de uma história rica, de uma história bela, de luta, uma história que não foi fácil, nada é fácil [01:10']. Muito respeito pelos que nos antecederam, não vou citar nomes aqui, mas não é fácil sair do nada para ter isso aqui, é preciso ter muito respeito com quem esteve a frente aqui nesses anos de 1968 para cá, então olhar para trás com essa admiração e respeito, sabendo que não foi fácil, e de erros também que foram cometidos. Toda instituição, toda família comete erros, mas temos aqui um legado, agora nos compete olhar para 50 anos mais. Então, se a gente olha para 50 anos para trás, temos que olhar 50 anos para frente, e essa molecada, essa juventude, junto com os professores, cinquentões como eu, podem dar muito aí para esse futuro da USCS. É isso.
Lista de dúvidas
Grafia correta do nome: (Gerum Clinc)
Lista de siglas presentes no depoimento:
UNICAMP: Universidade Estadual de Campinas
DIEESE: Departamento Sindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos
USCS: Universidade Municipal de São Caetano do Sul
EAD: Educação à Distância
FMI: Fundo Monetário Internacional